O ano mais quente da história do Brasil

O ano de 2023 foi marcado por altas temperaturas em todo o planeta, e o Brasil não ficou de fora. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia, o ano passado foi o mais quente da história do país. Essas mudanças climáticas tiveram início com o fenômeno conhecido como El Niño, que começou em junho de 2023 e ainda está em seu ápice, devendo continuar até meados de 2024.

Impactos das mudanças climáticas no setor Agro

Os produtores rurais brasileiros sentiram na pele os impactos das mudanças climáticas. O ano de 2023 registrou um total de nove ondas de calor, batendo recordes em quase todas as estações. Setembro foi o mês com maior temperatura média, alcançando 1.6°C acima da média.

Para 2024, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia é de altas temperaturas nos três primeiros meses e possibilidade de chuvas em algumas regiões. A partir do verão, é esperado o retorno das chuvas em grande parte do país, especialmente na região norte, centro-oeste e sudeste, devido à atuação da zona de convergência do Atlântico Sul, característica dessa época do ano.

Com relação às temperaturas, espera-se que elas se mantenham acima da média pelo menos até março, em praticamente todo o país, com exceção do centro sul do Rio Grande do Sul, onde as temperaturas devem ficar dentro da normalidade.

O setor Agro e as mudanças climáticas

O setor Agro, responsável pela produção agrícola e pecuária, é um dos mais impactados pelas mudanças climáticas. A produtividade das culturas e a criação de animais dependem diretamente das condições climáticas favoráveis.

O pesquisador Eduardo Assad, do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas, afirma que o setor Agro precisa se preocupar com as mudanças climáticas. Ele ressalta que há muito tempo essas mudanças são previstas, mas muitos produtores ainda não levam a sério.

Assad destaca que o plantio direto, uma técnica de sustentabilidade, é uma das soluções para minimizar os impactos das mudanças climáticas no setor Agro. No entanto, ele alerta que é necessário discutir e aprimorar o tipo de plantio direto utilizado, a fim de melhorar os resultados e reduzir as perdas.

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia na área de mudança do clima revelou que 40% dos produtores rurais não acreditam nas mudanças climáticas. Assad ressalta que essa visão precisa ser mudada, pois as mudanças climáticas estão afetando diretamente o bolso dos produtores.

O pesquisador ainda destaca a importância da agricultura regenerativa, que visa manter a água no solo e é um investimento para o futuro. Ele cita exemplos de produtores que sofreram perdas significativas em áreas onde não foram adotadas práticas sustentáveis, enquanto aqueles que adotaram sistemas integrados tiveram resultados melhores.

Assad reforça que as técnicas estão disponíveis e comprovadas cientificamente, e é fundamental que os produtores utilizem as variedades mais adaptadas e façam o plantio de maneira adequada, garantindo que as raízes alcancem profundidades de pelo menos 40 a 50 centímetros.

Conclusão

As mudanças climáticas estão cada vez mais presentes e impactando diferentes setores, especialmente o setor Agro. O Brasil enfrentou altas temperaturas em 2023, e a previsão é de continuidade dessas condições nos primeiros meses de 2024, juntamente com a ocorrência de chuvas em diversas regiões.

Diante desse cenário, é fundamental que os produtores rurais estejam atentos e adotem práticas sustentáveis, como o plantio direto e a agricultura regenerativa. Essas técnicas podem minimizar os impactos das mudanças climáticas e garantir uma maior produtividade a longo prazo.

Fonte: Canal Rural